26 abril, 2016

A inevitável

Alguns medos são óbvios,
como o medo do desconhecido.
E não há desconhecimento maior
do que o que diz respeito à morte.
Não adiantam fantasias.
Esperança sempre é válida.
Mas não pense muito nisso,
porque é mais importante viver.
E eu fiz um trato com o momento,
momento hoje, palpável agora.
E vai ser assim até o pavor me tomar.
Quando você então, me lembrará
do meu simples trato com a vida
e seremos felizes até o inevitável fim.

Lucia Helena Sider
Sobral, Abril/2016

24 abril, 2016

Maior dor

Alguns medos são terríveis,
como o medo da solidão.
Me corta o coração estar longe,
talvez esquecida e preterida,
me dói ver quando sou o último recurso.
Um dia você me disse que
a ajuda somos nós que pedimos
e que se render não é se humilhar.
Rendo-me pois com agonia:
Não me deixem só, sem alegria...
Tragam pelo menos o interesse:
Como vai? Você está bem?
E eu vos digo antes e depois:
Sua companhia é boa, fique!


Lucia Helena Sider
Sobral, Abril/2016

22 abril, 2016

Como na primeira vez

Alguns medos são deliciosos,
expectativa do que é bom.
Lembro de quando te conheci,
quando te pedi um beijo.
De repente o medo se acaba
e o sentimento vem, seguro,
de que valeu a pena sofrer
e que o que resta é só prazer.
Sempre terei algo para lembrar,
com o frio na barriga, sonhar.
Vem me beija, meu amor!


Lucia Helena Sider
Sobral, Abril/2016 

20 abril, 2016

Timidez

Alguns medos são infindos,
embora leves, são constantes.
Nunca me lembro de falar
com a segurança de um orador.
Meu verbo é a palavra escrita
que argumenta sem se expor.
Falar me causa profunda agonia,
quando não é ferida sem razão,
sem preparo, profunda emoção.
Sou poeta segura que não recita
seus versos de maneira alguma.
Sou segura no papel, na tela,
nas retinas do leitor,
Tomo vida na voz do interlocutor.
(Já me surpreende meus versos
terem ganho o quarteirão).

Lucia Helena Sider

Sobral, Abril/2016

19 abril, 2016

Intranquilidade à procura de paz

Alguns medos são sérios,
outros só falta de coragem.
Queria você aqui me dizendo
o que você diz sempre tão bem:
“Fique calma, minha menina!
No fim tudo dá certo.”
Certo foi aprender a te amar.

Lucia Helena Sider

Sobral, Abril/2016...

06 abril, 2016

Ciclos

Lua cheia perfeita
se faz minguante,
flagrante e bela
Somos todos errantes
a procurar no céu
por nossos anseios
(alheios ao destino).
Não tenho receios
de te ver no luar
e de te receber
no meu coração
em nada minguante,
que em nada se contrai,
e em nada diminui
o meu amor por ti.
Lua minguante
até crescer de novo.
Este é o ciclo vivo,
este é o luar
decorrente,
meu presente,
nosso amor.

Lucia Helena Sider

Sobral, março/2016