25 junho, 2020


Pense rápido e diga: o que é felicidade?
Ontem, dia 24/6/20, eu tive que fazer em 20 minutos, um exercício do curso de Crônicas Literárias, do Prof. Cesar Garcia Lima, sobre o mote “Felicidade”. Tive que pensar rápido e tirar da cartola um dos momentos mais felizes da minha vida, momento que é contínuo e segue até hoje:
“De repente, aquele bebê veio parar no meu colo. Não sei bem como isso aconteceu, já que eu, adolescente revolta, era avessa a crianças, sobretudo às novas crianças que chegavam, filhas de meus irmãos. Crianças que assumiriam a posição dos caçulas, outrora minha posição.
Com o meu sobrinho Ricardo no colo, eu pensei: Em que mundo eu estou? Como tenho conduzido a minha vida? Como meu jeito de ser vai influenciar esta nova criança?
Um estalo e percebi que eu tinha que mudar. Um estalo e percebi que não fazia mais sentido minha vida fútil e mimada. Um estalo e eu amadureci e tudo fez sentido. E pela primeira vez de muitas outras depois, aquela criança me trouxe a felicidade da conexão, com ele, com o mundo e comigo mesma.”
Lucia Helena Sider

17 junho, 2020


Sonho de uma manhã de junho

Hoje me levei em sonho a sagrados campos da Inglaterra,
eu, meus pais, um sobrinho ainda pequeno.
Uma torre imponente incrustada em terreno rochoso
muito firme, porém contíguo a um abismo amedrontador.
Passamos corajosos.
Uma apresentação áudio-visual através de um espelho
que revela também as nossas marcas individuais.
Nossa guia, solícita, se oferece também para me conseguir
um tonalizante de cabelos azul, cor que ela também ostenta
em suas mechas. Até as 7PM, ela diz,
e assim continuamos nosso turismo.
Preciso pouco de tudo
e a falta está cada vez mais longe.
Descobrimos a toda hora sacos de arroz e feijão
que podem nos alimentar por mais uns dias.
Em sonho e ao acordar me sinto plena e feliz,
em contraste a como fui dormir,
vazia de pessoas e cheia de medos.
A TV e o Netflix me distraem, mas me conduzem à perda de contato.
Meu celular, ainda guerreiro, me permite trocar mensagens com as pessoas.
Mas eu me descuidei. E elas, por ontem, também se descuidaram,
como que cada um enfrentando seus medos a sós.

Lucia Helena Sider,
Poesia do mês de junho/2020

09 junho, 2020


Ária da quarta corda

Hoje sonhei mais um sonho nostálgico,
mais um sonho mágico.
Éramos uma camerata que
se encontrava todas as sextas-feiras para ensaiar
repertório próprio de Pleyel, que nos deu o nome,
mas tantos outros, de Bach e Mozart
a composições e arranjos próprios.
Nós fazíamos música boa,
em apresentações próprias
ou fundidas a um grupo maior,
por vezes o Madrigal homônimo,
em igrejas, congressos, na universidade
Que boa idade!
Não percebia que gostava tanto na época.
Não percebia que amava aquilo –
meu amor concentrado agora em sonho mágico.
Hoje muitos de nós já se foram
para quiçá tocar na outra dimensão:
Regina, Enoque, Visvaldo, Eduardo.
E alguns de nossos anfitriões das sextas
também os acompanharam:
Haraldo, Aina e Nídia.
A eles eu dedico a ária da quarta corda,
tocada em nossas multi dimensões,
tocada em nossos corações.

Abba, Abba, recebe o teu louvor
destes músicos dedicados!
Recebe nossa vaidade,
peça pequena em tua grandiosidade.

Lucia Helena Sider
Sobral, 9 de junho de 2020