29 janeiro, 2016

Explicação

Se escrevo, não é para agradar.
Se achou isso, estás muito enganado!
Meu escrever é um todo desabafar.
Escrevo com o coração quebrantado.

Busco íntimo a raiz das ideias.
Morde súbito o sabor da intuição.
Descrevo logo toda minha epopeia,
estremecendo tal qual premonição.

Hoje me alegra, amanhã me angustia.
Compasso perfeito, o verso sincero,
toma o lugar das tantas confusões.

Trago em mim a história, a nostalgia,
ou então brindar o momento eu quero.
Escrevo só para os meus botões.

Lucia Helena Sider

Vinhedo, janeiro/2016

28 janeiro, 2016

Sem rumo ou norte

Não quero ver a verdade,
mas a verdade grita!
Assim gritam as vozes,
vozes de crítica e de intriga.
Como foi que aconteceu?
Foi de súbito? claro que não.
Já não se lembrava de nomes,
de fisionomias e de existências.
Já não se tinha controle
de funções tão vitais.
Já não eram normais
as palavras, os pensamentos,
e nem se lembra do outrora,
como ela se lembrava.
Ele vive em outro mundo,
que tem regras próprias
ditadas pelas vozes,
ora da privada, ora da TV
ou do ar condicionado.
A música soa da janela,
o computador é inocente nessa.
É preciso ver a verdade.
A verdade grita forte!
Não há rumo ou norte.
Mudou toda a sua sorte.

Lucia Helena Sider
Vinhedo, Janeiro/2016

24 janeiro, 2016

Primeira da Série Férias: 

direto do avião para o meu amor!


Entrelinhas aéreas

Cá estou novamente,
meu tão querido,
a voar pelos céus para te ver.
Quer tanto a minha mente,
o meu coração sofrido,
te amar, te cuidar, enfim te ter.

Sobre o céu baiano passo,
Lembro bem meu amor daqui:
das suas histórias, do seu traço
gravado em mim desde que te conheci.

Te amo por tudo.
Te amo com tudo.
Aceito qual for nossa condição.
Me aceite de braço aberto,
Braço largo, desperto...
Me aceite com todo o presente
e sejamos uma só intenção.

Sou tão feliz, que cada ideia
em ti ganha incentivo.
Sou tão feliz, que apascentas
todo o meu mal estar.
Idéia tosca não perdura.
Você diz as coisas certas
e eu volto a ser feliz,
como quando te conheci,
como quando te revejo
e o meu desejo
é saciado por ti.

Eu odeio dizer isso...
mas você é meu amigo!
(Odeio e não repito:
você sabe que eu
não quero parar nisso).
Quero ser sua menina,
sua amante, sua mulher!!
Quero ser quem eu quiser
ao teu lado enquanto puder.

Lucia Helena Sider
Sobrevoando a Bahia / Janeiro, 2016

14 janeiro, 2016

Dê um desconto...

E foram dias complicados, acho que dá para perceber. Mas estou melhor. Essa poesia aqui é ainda desse período "confuso", como diz meu amor, então dê um desconto. Só para registro.


Divisor de águas

Algumas pessoas viraram minhas amigas
por causa do que elas diziam
ser a minha inteligência.
E se eu contar que eu emburreci
e agora tenho preguiça de pensar?
Algumas pessoas se aproximaram de mim
por que eu tenho um título de doutora.
Essas eu nem gosto de comentar...
Algumas pessoas gostaram de mim
por causa do meu humor sarcástico,
mas mal sabem elas que por trás
de cada “sacada” tem um mar de tristeza.
Ninguém se aproximou de mim
por causa da minha família,
pois eu era invisível.
Minha beleza ou a falta dela
só afastaram quem eu quis.
Quando tinha carros grandes
tinha mais “amigos” pelo caminho.
Quando falei mais alto provoquei
ira e admiração, mas no fim
fiquei só porque era peixe fora d’água.
E chorei de solidão.
Fui então ver a vida com olhos do nada
e me surpreendi com o que me apareceu.
Me apareceu muita gente boa
que me ensinou o lado bom da vida.
E um homem um dia me disse
que gostava de mim porque
eu era simples, e ele não viu nada
mais importante que a minha simplicidade.
E assim, esse homem me conquistou
e também foi o primeiro
que aceitou o meu amor.
E chorei de gratidão.
De onde ele viu isso eu não sei.
Só pode ser de olhos maravilhosos.
E a esta altura, ele já sabe que
eu sou complicada, mas ele é tão gentil...
E outros sumiram porque não viam
mais quem eles admiravam.
E outros me estranharam
e não me quiseram mais.
E meu carro segue cada vez menor.
E a minha poesia me trouxe de volta
as pessoas, pois elas finalmente
me viram de verdade.
E a minha poesia também me afastou
de todos os incomodados
e eu não os culpo.
Mas acho bom que nem todos
me vejam com olhos tão maravilhosos,
se não eu me envaideceria
e voltaria a ser insuportável.

Lucia Helena Sider
Fortaleza, Janeiro/2016

13 janeiro, 2016

Um pouquinho deprê


O recomeço

Cair na real é perceber que as verdades
que você acreditou até hoje são ilusão.
É suspeitar que não importa se você
ficou fora um ano, sempre vai
parecer que foi ontem...
Cair na real é descobrir que os teus
pensamentos mais radicais
sempre estiveram certos
e que isso se chama intuição.
É constatar que algumas pessoas
sempre te verão como uma garota avulsa,
sem direito ao amor,
e que isso não quer dizer que
te enxergam como única, suficiente.
Caindo na real, às vezes você percebe
que é tão invisível quanto o ar,
e que nada faz diferença,
seja grau, título, distinção...
Cair na real é saborear que alguém
se apaixonou por você pelos
motivos que você sempre combateu,
e que pessoas surpreendentes podem
gostar de você do jeito que você é.
Cair na real é lamentar que você
sempre tentou agradar as pessoas erradas
e festejar que caiu no agrado
de algumas pessoas como que por acidente.
Cair na real é se certificar que você
é um peixe fora d’agua, mas que pode
pular de tanque em tanque até
atingir o mar aberto.
Cair na real é perceber que a vida
sorri para todos mesmo que tardiamente
e que nada nos prende
no tempo e no espaço.
Cair na real é triste, é sublime,
Cair na real é libertador.
Quisera eu cair na real todos os dias,
mas sempre tem algo que me
puxa no passado e me faz
pelar de medo do futuro...
Mas um dia desses, fui presenteada
com a idéia do momento
e me deliciei nos teus braços.
Cai, despenquei na real
e fui feliz enfim.

Lucia Helena Sider
Fortaleza, Janeiro/2016

11 janeiro, 2016

Defesa

Não achei que fosse publicar esta "poesia" nunca. Mas sábado, com a visita do meu grande amigo Deyson, falamos sobre tudo e até me veio o assunto de como eu nunca tinha acreditado no poder da inveja, e em como esse pensamento mudou frente a fatos que me aconteceram em torno de maio do ano passado. Um "invejoso" não pode te ver feliz, que ele ou se cala ou ele destina veneno de morte. E as palavras tem poder, escritas ou ditas em volume.
Recebi palavras de morte de uma pessoa. E eu fechei meus ouvidos e o meu coração. Ela não aguentou e me bloqueou por onde pôde. Não sei porque, já que de mim só partia o silêncio...
Não tem volta, mas tem a lembrança de eu nunca mais me deixar atingir por essa baixeza. Não me faltam amigos, não me falta auto-suficiência.
Meu leitor, me perdoe pela falta de palavras graciosas, meu espírito é de defesa.


Desabafo para dois ou três

Se eu conseguir me segurar,
eu nunca mais escreverei para você.
Tenho que respeitar a minha dignidade
e todos aqueles que são de bem comigo.
Esse é o último suspiro
e nem se sinta homenageada/o.
Enquanto os outros trazem luz,
você só trouxe morte e má sorte.
Tanto me enganei, pois achei coisas erradas,
coisas ingênuas...
Enfim, você se mostrou e eu escapei
para o deleite dos que me amam de verdade.
(Impressionante como isso serve
para duas ou três carapuças.)
Perdoar é eliminar,
jamais deixar montar de novo.
Esse é o perdão que eu conheço agora,
diferente daquela coisa das outras vezes,
em que eu sempre assumia erros
que não eram meus
e dava a cara a bater,
e a levar mais porrada.
Você não tem mais acesso a mim
e não me pode fazer mal.
Portanto, fique onde está
e se vieres por esta direção,
mude a rota.
Mantenha uma distância segura
para mim e para você.
Deixo para te desejar felicidades
os que ainda te compram.
E que seja mais um ano sem você!
(com esperança de renovação).

Lucia Helena Sider