23 janeiro, 2021

 

Requeda

 

Cambaleante há duas noites,

efeito colateral presente.

Foi isso o que eu fiz mesmo ontem?

Desabafo matutino e pedido de perdão à noite?

Efeito terapêutico aguardado.

 

O estado emocional não muda o que pensamos,

mas define se vamos nos expor ou não.

Sou definida pela RAIVA.

O que me distingue dos outros é  

a tendência para segura-la e me fazer mal.

 

Só que eu não gosto mais disso.

 

Preciso rejeitar tudo o que é tóxico,

o que não é amável e gentil comigo.

Chega de invasão.

Não me arrombe assim...

não…

 

Quando eu estiver melhor, eu falo com eles.

Agora, o melhor para todos é a minha vergonha.

Fui dura também com quem não foi tóxico comigo.

Simplesmente não tive paciência.

Faltou.

 

Melhorar é preciso, evoluir.

Interessante essa bordoada, noção

de que eu estou muito longe da iluminação.

Desejo solitário dos valores que admiro:

do Mindfulness, os valores cristãos.

 

Escorrego tão fácil e o tombo não foi

quando fiquei ansiosa ou impaciente.

Desabei quando acreditei que estava bem e imune.

Nada diferente daqueles que se apoiam no etéreo.

Eu me apoiei no meu Ego.

 

Bomba isso.

Tóxico para mim também.

 

Cambaleante há quase um mês.

É isso o que eu faço de dia:

aguardar a melhora

e aparar o meu casco.

 

Lucia Helena Sider

Sobral, Janeiro de 2021