05 agosto, 2015

Mais um dia de alegria nesta jornada de agosto. Sim, estou feliz. Recebi mais um parecer sobre meu livro, e parecer vindo de um poeta é sempre poesia! Sinto que estou no caminho certo. Até há pouco, eu ainda estava insegura, confesso. Mas sim, as pessoas têm gostado do meu livro e veem nele coisas que nem eu teria imaginado. Minha felicidade não é pouca!

Hoje publico aqui mais uma poesia da “Pentalogia”. A poesia quase que dispensa apresentação, pois é o próprio retrato desta pessoa querida que eu admiro muito, a minha colega e amiga Angela Eloy. Cronologicamente falando, foi a primeira poesia que eu escrevi depois de um jejum de dezessete anos, embora na série, ela apareça em terceiro lugar.


Modelo
(Olhando para a frente)

No começo confesso que a subestimei
só por conta de uma aparente antipatia pelas minhas gatas.
Que ideia errada! Foi preciso conviver mais de perto
para perceber que ela também tem um coração.
Só não adota um pet porque diz viajar muito.
Aliás, ela também não é daqui,
Tem raízes distantes, como eu.
Mas é cidadã do mundo
e se adapta a qualquer canto.
Gosta de conviver de perto com os seus,
coisa que eu valorizo muito.
Preocupada com a formação e o desenvolvimento intelectual,
tem fama de zangada, mas só é perfeccionista e
quer que os que com ela convivem
sejam dignos da sua perfeição.
Enquanto a maioria acompanha à distância,
ela ensina no corpo a corpo.
O resultado é o que se vê:
uma série de meninos e meninas devotos e bem formados.
A mulher ainda é viajada. Foi namoradeira,
mas agora deu um tempo para autoconhecimento.
Se firma na fé e quando a de todos acabou,
ela ainda está lutando, lutando sempre.
Se algum dia eu for para o céu,
eu sei que ela ali estará,
não por ser devota a uma ou outra religião,
mas por ter alcançado o sentido da vida.
Ela vive o que os evolucionistas comportamentais
chamam de aptidão abrangente:
é mãe materna de todos os que merecem o seu respeito
e nunca, nunca a vi pedir nada para si.
Alguns não a levam a sério,
mas como não seria assim
com uma pessoa sempre a frente do seu tempo e
que até pouco se rebela com o fato de ser subestimada
por alguns dos seus gestores com pouca visão de ciência?
Não sei até quando estarei por aqui, mas sei que onde estiver
vou poder puxar pela memória uma daquelas estórias
que ela conta inúmeras vezes
sem, no entanto, a gente se cansar.

Lucia Helena Sider
Sobral, fevereiro/ 2013

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