Requeda
Cambaleante há duas noites,
efeito colateral presente.
Foi isso o que eu fiz mesmo ontem?
Desabafo matutino e pedido de perdão à noite?
Efeito terapêutico aguardado.
O estado emocional não muda o que pensamos,
mas define se vamos nos expor ou não.
Sou definida pela RAIVA.
O que me distingue dos outros é
a tendência para segura-la e me fazer mal.
Só que eu não gosto mais disso.
Preciso rejeitar tudo o que é tóxico,
o que não é amável e gentil comigo.
Chega de invasão.
Não me arrombe assim...
não…
Quando eu estiver melhor, eu falo com eles.
Agora, o melhor para todos é a minha vergonha.
Fui dura também com quem não foi tóxico comigo.
Simplesmente não tive paciência.
Faltou.
Melhorar é preciso, evoluir.
Interessante essa bordoada, noção
de que eu estou muito longe da iluminação.
Desejo solitário dos valores que admiro:
do Mindfulness, os valores cristãos.
Escorrego tão fácil e o tombo não foi
quando fiquei ansiosa ou impaciente.
Desabei quando acreditei que estava bem e imune.
Nada diferente daqueles que se apoiam no etéreo.
Eu me apoiei no meu Ego.
Bomba isso.
Tóxico para mim também.
Cambaleante há quase um mês.
É isso o que eu faço de dia:
aguardar a melhora
e aparar o meu casco.
Lucia Helena Sider
Sobral, Janeiro de 2021
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