Filó
A Filó é
dessas gatas que me visitam de tempos em tempos. Traquina, mas sobretudo
carinhosa. Quando está na sua casa, na Vivenda Mali, quase que não se lembra que
eu existo, pois é senhora total do mato. Mas agora ela está aqui, dançando
entre minhas pernas, se acarinhando em meu colo. Aproveita, Filó, que as férias
são curtas! Logo a Vivenda Mali vai estar em forma e você vai reencontrar a
Felicia, o Bruce, que também estão hospedados com amigos. Galera gataria! Galera
gato fino!
Vivenda
Mali
(Canção
com palavras)
Bucólico.
Balança
a rede com os pés pro ar.
Sente a
brisa da serra.
Árvore,
árvore, árvore.
Açude.
Chega
uma gata no colo,
ronrona,
morde e vai embora:
Felícia
– velha conhecida.
Duas
outras... parecidas,
irmãs,
brincam e
se acarinham:
Jade e
Yasmin.
Ainda
não sei distingui-las,
então
viram Jasmim.
Também é
flor,
também é
bucólico.
Tento
pegar a Filó.
Arredia,
escapa:
Ela não
me ama mais
ou virou
senhora do mato
e é para
lá que ela vai.
Mato.
Bucólico.
Nick
dorme na mesa
e dizem
que Bruce está na pia do banheiro.
Ninguém
os tira de lá.
Dia
agitado de gato.
Passeio
rápido ao galinheiro.
As
galinhas e galos também tem nome.
Só me
lembro da Hebe,
pomposa.
Minha
memória só presta
para
bichos de quatro patas,
com
exceção de Jade e Yasmin,
Jasmim.
O som é
forró pé de serra
e o
almoço vai sair tarde.
Quem tem
pressa?
Tudo vai
devagar.
Mas esta
vida não tem nada de besta –
Drummond
não conhecia por aqui.
Chega
uma hora que diverte,
pois
chega um, chega outro.
O
silêncio quebra.
Alegria
instaurada.
Quem
ousa entristecer?
Cada um
tem uma história interessante
e
compartilha.
Sai o
cozido.
Reúne o
povo em volta da mesa.
Repete
uma, duas vezes,
até
saciar.
Tudo
muito bucólico.
Volta
pra rede
com os
pés pro ar.
Sente a
brisa da serra.
Árvore,
árvore, árvore.
Açude ao
longe.
Chega um
gato que
não sei
mais quem é.
O sono
vem fácil e sonho.
Sonho
que estou no céu.
Acordo
por um instante:
estou no
céu mesmo.
Lucia
Helena Sider
Meruoca,
Fevereiro/2014.
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