Pássaros, levem ao mundo meus sonhos!
Já ouvi várias pessoas falarem que poesia não se
explica. Eu mesma passei por um longo bloqueio criativo exatamente por causa
disso. No entanto, esta poesia merece pelo menos uma referência. Lá no início
da década de 90, eu estava numa luta tentando levar duas faculdades ao mesmo
tempo (Música e Biologia – e depois Veterinária). Era difícil conciliar e eu me
vi tendo que escolher. Eu adorava a Música, mas não me sentia tão talentosa
para isso e via que a minha vocação estava na Ciência, para qual eu migrei
finalmente. Os pássaros da poesia são uma alusão à obra “Deforma Nobre”, de meu
amigo João Marcelo Pirani. Foi para ele que escrevi a poesia (primeira de
muitas).
Pra JM
Até quando os pássaros por aqui passarão?
Quantas vezes mais vira-latas inquietos latirão?
O que se faz ouvir tem sentido?
O que se sente tem sido ouvido
ou mesmo sequer confessado?
Temo que enquanto eu espero a solução
eu mantenha cativa a opinião
e a razão, quando despida de emoção,
não levanta voo, nem sequer sai do chão.
Pássaros, levem ao mundo os meus sonhos:
que vira-latas não mais latam tristonhos.
Pássaros, levem ao mundo os meus sonhos,
eu sonho pra mim e pra você!
Lucia Helena Sider
São Paulo, 1991.
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